"Se num dia de tristezas, tiveres de escolher entre o mundo e o amor... escolha o amor e com ele conquiste o mundo!" - Albert Einstein

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Acumulação compulsiva (disposofobia)

O que leva uma pessoa a guardar coisas? A guardar cadernos de infância de um filho que já se casou? A primeira camisa do time querido que foi autografada? O papel do chocolate que ganhou do primeiro namorado? Colocar numa estante todos os livros que já comprou e ganhou, mesmo sem nunca ter aberto alguns! Parece normal, habitual a todos.
Todos nós guardamos objetos e coisas. Guardamos alguns por necessidade, como lembrança de um tempo que não volta mais, e até como relíquias para adoração. Sim, é natural e esperado guardar coisas antigas, pois o apego a estes objetos está associado ao investimento afetivo com a situação ocorrida ou em relação a outra pessoa envolvida. Quando se entra numa residência, são revelados, através de seus objetos, toda a identidade social daquele lar, as histórias de família, os laços estabelecidos, os padrões de comportamento, as situações econômicas e a influência cultural.

O desenvolvimento inconsciente de compulsões por comprar, recolher, amontoar e acumular está muito além da dimensão consciente e da vontade controlada do sujeito. Assim, lares abarrotados de objetos, geralmente em completa desordem, e até acúmulo de animais, estão além da fronteira do normal.
Acumuladores compulsivos são pessoas que aparentam levar uma vida comum até que se adentre o ambiente em que vivem. Suas residências são transformadas em verdadeiros depósitos de lixo, impedindo o uso do imóvel e de sua manutenção higiênica.  A compra compulsiva, a aquisição ou o recolhimento ilimitado de bens ou objetos deixados no lixo entram na esfera do patológico. Não sobra espaço para mais nada na casa, nem para seu dono.
Para entender o que acontece com a mente dessas pessoas acometidas por um transtorno emocional tão cruel, com forte repercussão comportamental e cognitiva, é necessário perceber o funcionamento da desordem mental, tentando compreender o que representa o acúmulo para esses indivíduos.
O discurso de um acumulador compulsivo é simples: “não tenho tanta coisa assim, vou guardar, caso precise mais tarde ou vou juntar para fazer artesanato...”

Para iniciar um tratamento, o acumulador precisa acreditar na morbidade de seu comportamento, sendo necessária muita disposição e motivação de familiares para que ele inicie um tratamento. Para limpeza da casa de um acumulador, é essencial a ajuda, na maioria das vezes, especializada.  A retirada do acúmulo dos seus pertences causa uma sensação de vazio e perda gigantesca.
Se não acompanhado por tratamento psicológico e psiquiátrico, o acumulador pode, em breve, ter recaídas abandonando seus medicamentos e sua terapia,  fazendo com que recolha tudo de novo e em maiores quantidades.
No empenho de sua melhora é essencial que o acumulador tenha autocrítica, percepção e entendimento de sua doença, sendo estes fatores relevantes para o sucesso de seu tratamento. 

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