O
que leva uma pessoa a guardar coisas? A guardar cadernos de infância de
um filho que já se casou? A primeira camisa do time querido que foi
autografada? O papel do chocolate que ganhou do primeiro namorado?
Colocar numa estante todos os livros que já comprou e ganhou, mesmo sem
nunca ter aberto alguns! Parece normal, habitual a todos.
Todos
nós guardamos objetos e coisas. Guardamos alguns por necessidade, como
lembrança de um tempo que não volta mais, e até como relíquias para
adoração. Sim, é natural e esperado guardar coisas antigas, pois o apego
a estes objetos está associado ao investimento afetivo com a situação
ocorrida ou em relação a outra pessoa envolvida. Quando se entra numa
residência, são revelados, através de seus objetos, toda a identidade
social daquele lar, as histórias de família, os laços estabelecidos, os
padrões de comportamento, as situações econômicas e a influência
cultural.
O
desenvolvimento inconsciente de compulsões por comprar, recolher,
amontoar e acumular está muito além da dimensão consciente e da vontade
controlada do sujeito. Assim, lares abarrotados de objetos, geralmente
em completa desordem, e até acúmulo de animais, estão além da fronteira
do normal.
Acumuladores
compulsivos são pessoas que aparentam levar uma vida comum até que se
adentre o ambiente em que vivem. Suas residências são transformadas em
verdadeiros depósitos de lixo, impedindo o uso do imóvel e de sua
manutenção higiênica. A compra compulsiva, a aquisição ou o
recolhimento ilimitado de bens ou objetos deixados no lixo entram na
esfera do patológico. Não sobra espaço para mais nada na casa, nem para
seu dono.
Para
entender o que acontece com a mente dessas pessoas acometidas por um
transtorno emocional tão cruel, com forte repercussão comportamental e
cognitiva, é necessário perceber o funcionamento da desordem mental,
tentando compreender o que representa o acúmulo para esses indivíduos.
O discurso de um acumulador compulsivo é simples: “não tenho tanta coisa assim, vou guardar, caso precise mais tarde ou vou juntar para fazer artesanato...”
Para
iniciar um tratamento, o acumulador precisa acreditar na morbidade de
seu comportamento, sendo necessária muita disposição e motivação de
familiares para que ele inicie um tratamento. Para limpeza da casa de um
acumulador, é essencial a ajuda, na maioria das vezes, especializada. A
retirada do acúmulo dos seus pertences causa uma sensação de vazio e
perda gigantesca.
Se
não acompanhado por tratamento psicológico e psiquiátrico, o acumulador
pode, em breve, ter recaídas abandonando seus medicamentos e sua
terapia, fazendo com que recolha tudo de novo e em maiores quantidades.
No
empenho de sua melhora é essencial que o acumulador tenha autocrítica,
percepção e entendimento de sua doença, sendo estes fatores relevantes
para o sucesso de seu tratamento.
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